Por que devemos contar histórias para as crianças?

Contadores de histórias...
Quando ouvimos essa expressão quase sempre vamos atrás no tempo e recordamo-nos de uma tia ou avó que nos contavam histórias antes de dormir. Infelizmente, contar histórias tem-se tornado uma prática pouco comum ou quase inexistente. Perdemos o sentido mais primário que essa linguagem propicia: de agrupar pessoas, aproximar e compartilhar.


No stress diário da vida, na linguagem industrial que algumas emissoras impõem, pouco tempo reservamos para simplesmente contar histórias aos nosso filhos.
Esquecemos que, através das histórias, a criança cria seu próprio inventário moral, elabora questões que a angustiam e se sente alimentada.
Através de personagens que têm que vencer obstáculos, sair do âmbito familiar e conseguir sucesso no mundo externo, preparamos o pequeno ouvinte para adoptar vivência com mais segurança das suas próprias derrotas e perdas.
Contudo, é preciso ter muito cuidado ao eleger as versões que são contadas para as crianças, grande parte das publicações que encontramos nas livrarias (afinal, criança é um grande filão editorial) foram de tal forma destituídas da sua essência que perderam elementos importantes para atingirmos nossos objectivos.

Como a leitura pode ser estimulada em casa
Uma casa bem boa é uma casa cheia de histórias a escorrer pelas paredes, plantadas nos vasos, enfiadas nas gavetas, e à mostra nas cristaleiras.
Para isto, além de livros povoando todos os lugares, pensa-se que uma forma bonita de estimular a leitura em casa é ter olhos e ouvidos abertos para o mundo, para a vida, tudo, exactamente tudo serve para estimular o desejo por histórias. É bom que nos tornemos contadores de histórias e cantadores da vida.

Qual a importância da leitura na formação do indivíduo
Acredita-se muito que a leitura é um território; um território de (re)significação. Uma tese onde tento argumentar que "O indivíduo Social" constroi-se verdadeiramente a partir do momento em que se torna leitor de si, do outro e do mundo.

As fontes para se encontrar histórias para as crianças
Muito resumidamente: nos livros clássicos, aqueles maravilhosos, que mudaram a vida de gerações e gerações; livros com contos de fadas, com contos populares de diversos países, com mitos de várias civilizações. Mas também é bom não esquecer das histórias contadas pessoalmente, aquelas que fizeram e fazem uma multidão de crianças adormecerem e sonharem e "despertarem", assim com aspas.
E aquelas histórias familiares, dos nossos entes queridos, histórias que vão construindo sagas fantásticas e que estão tão pertinho de nós: aquela tia que nunca se casou porque preferiu ir viajar pelo mundo para conhecer outros lugares e povos; aquele primo adorado que se foi; aquela avó cheia de ideias e sabedorias etc. etc.
Com o tempo, vamos sofisticando tanto os nossos gostos e hábitos que nos esquecemos de valores tão importantes. Qual foi a última vez que nos sentamos confortavelmente no tapete, abrimos o álbum de fotos de família e revisitamos a nossa própria história? Qual a última vez que contamos para uma criança uma história que ouvimos na infância? Uma atitude tão informal e, ao mesmo tempo, tão rica.

Fonte: Laerte Vargas - Contador de Histórias e Facilitador de Oficinas

Comentários

Unknown disse…
Sim, o contar histórias era um ponto certo ao cair da tarde, depois dos deveres feitos, aguardando pelo jantar. Havia na n/cozinha um vão de janela com um assento em que cabíamos os três mais novos. E ouvíamos a criada mais nova, e ainda com 12/13 anos, a contar as histórias de reis, rainhas e bruxas, lendas encantadas, maravilhosas e lendas tradicionais do MinhoPor vezes juntava-se a nós n/Tia-Avó que era um manancial de quadras e versinhos, ditos e sentensas,
ou ditados que nós repetiamos a torto e a direito. A sabedoria tradicional do Minho e do Alto Douro acompanhou-nos na n/primeira infância deliciando-nos, mas só mais tarde reconhecemos o interesse que teria sido a recolha desse maravilhoso de fantasia e misticismo.
SIM DEVEMOS CONTAR HISTORIAS PARA AS CRIANÇAS.
Maria Fernanda Dória

Mensagens populares deste blogue

Na Revista Educadores de Infância