Contribuições dos Contos de Fadas no Desenvolvimento Infantil

 

      

 

“O bebe necessita de calma para dormir, a criança precisa de uma história e o adulto, muitas vezes, vê-se rodeado de um livro, ou mesmo de um filme, sem o qual não consegue embalar no sono noturno” (RADINO, 2003, p.47).

Segundo Radino (2003), mesmo parecendo terríveis, figuras como bruxas e ogros, por exemplo, podem acalmar a criança no acalanto, pois desvenda questões humanas que todos precisamos elaborar como a separação, a morte, o desamparo (temas muito apresentado em contos e cantigas de ninar).

“O acalanto seria uma forma de exorcizar os maus-espíritos que tentam separar mãe e filho, ajudando ambos a aceitar a inexorável solidão humana. O pedido do acalanto ou do conto antes de adormecer mostra justamente que o sono representa uma separação, em que se libera a mãe para outras atividades”. (RADINO, 2003, p.47).

As crianças muito pequenas ainda não têm condições de abstrair. Muitas vezes, as explicações dadas pelos adultos são incompreensíveis e elas só acharão consolo nos contos de fadas (RADINO, 2003).

Nos contos de fadas e nos mitos são ilustrados, simbolicamente, nossa história interna e nossos conflitos internos (como a rivalidade entre irmãos, por exemplo), sendo que o personagem principal somos nós mesmos (PAVONI, 1989; POSTIC, 1993). Através de uma linguagem fantástica, os contos procuram explicar a existência humana (RADINO, 2003). Segundo Postic (1993), a criança  identifica –se com o herói da história e capta significados a partir de seus interesses e necessidades momentâneas. Radino (2003) fala que os contos mostram à criança muitas questões humanas que ela vivencia, mas não consegue verbalizar. Eles dão forma a desejos da própria criança, aguçando a imaginação e favorecendo para o seu processo de simbolização que, segundo a autora, é de grande importância para a sua inserção no mundo civilizado e cultural. “(...) [A criança] troca de identidade de acordo com os problemas que tem que enfrentar” (POSTIC, 1993, p.20). Os contos de fadas sugerem, de forma simbólica, como convém resolver os conflitos internos (POSTIC, 1993).

Os contos de fadas, bem como os mitos, usam a mesma linguagem que o inconsciente. Pavoni (1989) diz que os contos falam diretamente com a criança, sem conselhos, explicações ou sermões.

“Eles falam ao inconsciente através de imagens, que vão conversar com as bruxas, os monstros, os medos que a estão assustando. Com o auxílio das fadas ou da espada mágica, a criança adquire forças para vencer o que a assusta ou preocupa. Enquanto ela não soluciona seu problema inconsciente, ouve ou lê a história até que o resolve. É esse um dos motivos que leva as crianças a pedirem que lhe contem várias vezes a mesma história”. (PAVONI, 1989: p.19).

Radino (2003) fala que o pedido de contar mais uma vez a história, é uma “forma de a criança apropriar-se de suas emoções e elabora-las” (p.143). Para tanto, a criança reconta várias vezes a mesma história, brinca e a dramatiza. Utilizando o simbolismo das histórias, ela consegue expressar as suas angústias. A criança também sempre terá uma história preferida que remete diretamente a algum conflito importante que esteja passando. Em momentos diferentes, a criança se identifica com determinado personagem, logo que despertada a sua angústia (RADINO, 2003).

Segundo Freud, as crianças identificam-se com os contos de fadas, pois estes desencadeiam temas universais dos seres humanos. Eles transmitem a garantia de sucesso na resolução de problemas das crianças. De acordo com Radino (2003), os contos de fadas são apresentados de forma simbólica, dando base para a assimilação de conflitos internos de acordo com o estágio de desenvolvimento (tanto psicológico, como intelectual) que a criança está passando.

Eis o final feliz, que Battelheim (1980; apud. RADINO, 2003) refere-se como uma realidade interior, pela qual “(...) a criança conseguirá superar seus conflitos e se tornar independente” (p.134-5).

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